Vitor Fadul, de 29 anos, parceiro do filósofo e historiador Leandro Karnal, de 62, compartilhou como o reconhecimento de seu autismo transformou sua vida conjugal e sua autopercepção.
Após se aprofundar em um livro sobre transtornos mentais, o músico decidiu buscar ajuda profissional para entender melhor a si mesmo. “Sempre soube que havia algo diferente em mim, mas tinha um medo profundo de descobrir o que era. Tentava esconder isso, na esperança de que as pessoas não notassem”, revelou em uma entrevista à Quem.
Diagnosticado aos 25 anos, Fadul lembrou que, durante sua infância, não teve acesso a recursos adequados de saúde e educação devido a dificuldades financeiras. “Viver sem clareza sobre si mesmo impede que você aprenda a lidar com suas próprias questões. Minha vida se transformou completamente, e foi para melhor. Sem esse diagnóstico, provavelmente não estaria mais aqui”, afirmou.
Ele expressou a angústia de sentir que, apesar de seus esforços, não conseguia se encaixar ou atender às expectativas sociais. “Era frustrante, porque não era por falta de empenho, mas sim por um esforço desmedido que não trazia resultados. Queria me integrar ao mundo, mas este não foi projetado para mentes neurotípicas.”
Após compreender que seu tempo de assimilação de informações é diferente, Vitor notou mudanças significativas em seu casamento. “Leandro teve uma formação bastante rigorosa e religiosa. Quando nos conhecemos e nos apaixonamos, havia uma dificuldade para ele entender minha maneira de ser e como lidar comigo, pois ele acreditava que eu não deveria fazer algumas coisas. Eu, por outro lado, não conseguia explicar e não entendia por que ele via tantas questões em mim.”
No momento em que compartilhou seu diagnóstico com o marido, tudo mudou. “A reação dele foi um ‘Ahhhhh’. Isso significou que ele passou a me compreender melhor, e essa nova perspectiva facilitou a convivência. Ao mesmo tempo, eu também comecei a me entender e a compreender melhor o Leandro.”
Vitor detalhou como está sua relação atualmente com Leandro Karnal. “Sem uma adaptação mútua, é impossível manter qualquer relacionamento. Embora não vivamos sempre em perfeita harmonia, a maior parte do tempo é muito boa. Temos uma relação acolhedora, onde somos compreensivos um com o outro. Ele me ensina muito, e acredito que minha maneira de ser também traz aprendizados para ele”, concluiu.




