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Bella Campos se revela a escolha ideal para interpretar Maria de Fátima em ‘Vale Tudo’

Quando Bella Campos apareceu como uma das principais candidatas para o papel de Maria de Fátima no remake de “Vale Tudo”, admito que fiquei cético. Apesar de suas atuações agradáveis em “Pantanal” e “Vai na Fé”, a atriz não havia demonstrado a profundidade dramática necessária para assumir um dos personagens mais emblemáticos da teledramaturgia, que foi brilhantemente vivido por Gloria Pires na versão original. Nomes como Julia Dalávia e Valentina Herszage pareciam opções mais promissoras e interessantes.

Duas semanas após a estreia de “Vale Tudo”, fui forçado a reconsiderar minha posição. Bella Campos se encaixou perfeitamente na nova Maria de Fátima, uma representação típica da geração Z, que se vê como especial e merecedora de todas as vantagens da vida, moldada pela superficialidade das redes sociais. Embora o texto das duas versões de “Vale Tudo” seja quase idêntico, é evidente que a Maria de Fátima contemporânea carece da complexidade e das nuances da personagem dos anos 1980. Isso se deve ao fato de que, nascida nos anos 2000, a filha de Raquel, assim como muitos de sua geração, não enfrentou desafios reais, vivendo protegida pela realidade que consumia online.

A falta de experiência de Bella Campos contribui para a construção dessa Maria de Fátima da geração Z, uma jovem que exala arrogância e quase não possui vivência. A vilã da novela das nove se assemelha a várias jovens superficiais que sonham em se tornar influenciadoras, o que permite que a atriz, ainda em desenvolvimento artístico, consiga interpretar a personagem. Enquanto Gloria Pires trouxe rancor e amargura, mesclados com sarcasmo e astúcia, Bella Campos apresenta uma Maria de Fátima iludida e quase delirante, desprovida de uma vida interior, que acredita ter nascido para a riqueza e a fama, sem uma noção clara da realidade brasileira.

A nova Maria de Fátima de “Vale Tudo” reflete uma carência de repertório emocional, característica de muitos nascidos após os anos 2000. Nesse sentido, a inexperiência de Bella Campos justifica sua escolha para o papel. A Globo fez uma escolha acertada ao escalar Bella Campos. O erro foi nosso ao esperar uma personagem complexa e bem construída, que está se tornando cada vez mais rara na ficção.

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