A filha da atriz Maria Gladys, de 85 anos, está em busca da mãe, que, segundo relatos, se encontra desaparecida em Santa Rita de Jacutinga, Minas Gerais.
Uma ícone do cinema marginal brasileiro, Maria Gladys nasceu em 1939 no subúrbio carioca. Aos três anos, sofreu de paralisia infantil, que deixou sequelas em sua perna esquerda. Apesar das dificuldades, começou sua carreira artística como bailarina no programa “Clube do Rock”, apresentado por Carlos Imperial.
Durante sua adolescência, teve um breve relacionamento com Roberto Carlos, mas prefere não discutir o assunto. Em entrevista à Folha de S. Paulo em 2014, ela se esquivou de falar sobre os amigos da jovem guarda: “Não venha me falar dessa gente. Parece que quero me promover. Não se pode falar dele [Roberto]. Ele não fala de mim, e eu não falo dele”.
Maria Gladys fez sua estreia no teatro em 1959 ao lado de Fernanda Montenegro, participando da peça “O Mambembe”, de Arthur Azevedo. Nesse mesmo ano, marcou a história do teatro brasileiro ao ser a primeira a aparecer nua em cena no espetáculo “O Chão dos Penintentes”. Sua carreira no cinema inclui grandes produções nacionais, como “Os Fuzis”, de Ruy Guerra, que recebeu o Urso de Prata de direção no Festival de Berlim.
Entre 1971 e 1973, Maria Gladys se mudou para Londres, escapando da ditadura militar que assolava o Brasil. Durante esse período, deu à luz sua segunda filha, Rachel, mãe da atriz de Hollywood Mia Goth. O pai de Mia é o cineasta americano Lee Jaffe, mas por muitos anos, Maria acreditou que o pai fosse um inglês chamado John. Um teste de DNA solicitado por Lee esclareceu a verdade, mas a família decidiu não informar John, que nunca registrou a suposta filha. Quando Mia ganhou notoriedade, John ressurgiu: “Ele viu uma reportagem da Mia mencionando o avô americano. A situação complicou. Ele foi à agência dela dizendo que era mentira e que iria processá-la”, revelou Maria à Folha em 2014.
A carreira na televisão começou em 1979, com uma participação em um episódio da série “Plantão de Polícia”. Desde então, ela tem se destacado em novelas como “Vale Tudo” (1988), “Hilda Furacão” (1998), “Senhora do Destino” (2004) e “Caminho das Índias” (2009).
Maria se autodenomina “hippie” e é franca sobre o uso de maconha, afirmando: “Acho uma hipocrisia a proibição. Não faz mal a ninguém. Eu fumo todo dia. Fumo na rua, como forma de protesto. Venho de uma geração que se rebelou contra a ditadura e estou habituada a isso”, declarou ao jornal O Globo no ano passado.
Com contratos temporários, ela nunca conseguiu a estabilidade financeira necessária para se aposentar. “Minha vida sempre foi complicada em relação a dinheiro. Tenho contratos por obra. Quando o trabalho está bom, consigo quitar minhas dívidas. Mas assim que estou regularizando tudo, o contrato acaba e a luta recomeça”, relatou à Folha em 2014.




