A maternidade já é uma realidade para a geração Z, que abrange aqueles nascidos entre 1997 e 2012. Esse novo cenário traz consigo abordagens inovadoras para criar e estabelecer vínculos com os filhos. Neste Dia das Mães, o Metrópoles entrevistou influenciadoras digitais que compartilham suas experiências diárias com os pequenos nas redes sociais, desafiando modelos tradicionais de criação. Elas enfatizam que acolher, ouvir e respeitar as crianças é fundamental na parentalidade contemporânea. Além disso, abordam os limites da exposição dos filhos e a gestão do ambiente digital na experiência da maternidade.
Hendyohara, uma mãe solo com 4,8 milhões de seguidores no Instagram, compartilha sua vida com o filho e acredita que o respeito é essencial para um relacionamento saudável. “Crianças não são objetos. Elas são seres humanos com sonhos e desejos que merecem ser respeitados”, afirma.
A influenciadora de 24 anos considera que a maneira como cria seu filho é bem diferente da educação que recebeu, que era mais punitiva e menos atenta. “Prefiro focar nas necessidades reais do meu filho. Ouço e passo muito tempo com ele. Tento não julgar e busco entender suas atitudes”, explica Hendyohara.
Isabelle Abreu, também conhecida como xsbel e com 3,9 milhões de seguidores, compartilha uma visão semelhante. “Procuro validar os sentimentos da minha filha e acolhê-la. Acredito que as crianças devem ser ouvidas desde cedo.”
A psicóloga Claudia Melo, especialista em crianças e adolescentes, observa que o carinho e o cuidado das mães da geração Z refletem as experiências dessa faixa etária. “Essa geração possui uma visão mais sensível sobre saúde mental, busca mais informações e não tem medo de pedir ajuda. No entanto, também carrega cicatrizes: a sensação de não ter sido ouvida, o medo de falhar e a pressão silenciosa para ser perfeita. Tudo isso influencia a forma como criam seus filhos. Reconhecer essas feridas é o primeiro passo para não repeti-las.”
Aos 27 anos, Isabelle compartilha momentos cotidianos com sua filha e acredita que essa iniciativa é valiosa por criar uma rede de apoio emocional virtual. “A maternidade pode ser solitária, e ao conversar com outras mães, percebi que os medos que enfrento não são únicos. Isso me motivou a ajudar outras mães que também têm inseguranças. No fundo, todos precisamos ser ouvidos. Com essa rede de apoio online, percebi que estamos todas juntas, tentando ser boas mães sem nos sentirmos isoladas”, explica.
Eliziane Berberian, que acumula 1,1 milhão de seguidores, utiliza as redes sociais para buscar dicas e conselhos sobre a maternidade. “Não costumo falar diretamente sobre minha experiência materna nas redes, mas aprendo muito com outras mães que sigo. Gosto de conteúdos que abordam a maternidade sem culpa e dicas práticas sobre como lidar com os filhos. Isso é muito positivo”, revela.
Diferente de outras influenciadoras, Eliziane optou por não expor sua filha de maneira constante. “Meu conteúdo gira em torno da minha vida, então a maternidade aparece de forma ocasional, sem ser o foco principal. É um aspecto tangencial da minha presença nas redes”, conta. Ela enfatiza que a exposição é uma escolha pessoal e varia de acordo com as experiências de cada mãe. “No meu caso, expor minha filha de forma frequente me afeta de diversas maneiras. Ela é um indivíduo à parte e cabe a ela, quando estiver pronta, decidir se quer ou não ser exposta. Faço raras postagens sobre ela.”
Para Hendyohara, a exposição é uma parte inevitável de sua rotina. “Meu conteúdo está centrado na minha vida e na minha rotina”, destaca. Assim, ela busca enriquecer o conhecimento e aprimorar o conteúdo sobre maternidade nas redes sociais. No entanto, Hendyohara admite que tem preocupações com a exposição. “Não sabemos como as informações serão interpretadas ou distorcidas, especialmente com a inteligência artificial. Por isso, é crucial ter critérios, propósitos e limites. Toda criança que se torna uma figura pública precisa ser bem orientada pelos pais. Tudo deve ser feito de forma consciente, explicada e, se possível, consentida.”
Isabelle Abreu também compartilha suas preocupações, ressaltando a importância da responsabilidade na criação de conteúdo com crianças. “Tomo cuidado para não expor minha filha a situações vulneráveis. Como criadora de conteúdo, sinto que é meu dever mostrar a maternidade online de maneira responsável, e acredito que nós, adultos, devemos estar sempre vigilantes para proteger as crianças de exposições que vão além da infância e juventude”, afirma.
A psicóloga Claudia Melo acrescenta sua perspectiva sobre a exposição infantil. “A exposição sem limites pode ser prejudicial, pois a criança pode ser moldada como um personagem antes mesmo de descobrir sua própria identidade. A internet pode ser uma ferramenta valiosa, mas nunca deve substituir a escuta atenta, o toque e a presença física. As crianças precisam ser vistas com carinho, e não por meio de filtros.”
Um tema recorrente entre as mães Isabelle, Eliziane e Hendyohara é a preocupação com o controle de telas. A psicóloga Claudia Melo explica como adaptar essa relação de maneira saudável. “Estamos vivendo em uma era onde a infância também é digitalizada. As mães da geração Z buscam equilibrar a proteção sem sufocar, permitindo a liberdade sem perder o controle. O fundamental é o vínculo, e não a vigilância.”
Claudia prossegue: “O que realmente protege uma criança não é apenas a ausência de exposição, mas a presença atenta de um adulto que dialogue, oriente e ensine a usar o mundo digital com responsabilidade. Mais do que proibir, é essencial acompanhar, estar presente, explicar, ensinar a fazer escolhas e, acima de tudo, lembrar que a infância é um tempo para brincar com o corpo, não apenas com os dedos em uma tela.”
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