Uma pesquisa recente conduzida por cientistas dos Estados Unidos e da Suíça indicou que Vênus pode apresentar atividades tectônicas que lembram as da Terra, mesmo sem possuir placas tectônicas. A análise de dados coletados ao longo de várias décadas sugere que o segundo planeta do sistema solar possui processos tectônicos que alteram sua superfície e reciclam a crosta. Os resultados da pesquisa foram divulgados na revista Science Advances na última quarta-feira (14/5).
Caso as conclusões dos pesquisadores se confirmem, as grandes formações circulares observadas na superfície de Vênus podem ser resultantes de estruturas conhecidas como coronas. Anteriormente, acreditava-se que essas formações eram crateras de impacto, mas na verdade são estruturas vulcânicas. As coronas se formam a partir de plumas de material derretido que emergem do interior do planeta, causando deformações na superfície antes de colapsar e formar anéis com fraturas.
“Coronas não existem atualmente na Terra, mas podem ter sido comuns em sua juventude, antes do surgimento das placas tectônicas”, explicou Gael Casciolli, o principal autor do estudo e cientista planetário da Universidade de Maryland, em um comunicado à imprensa.
Para investigar essas semelhanças, a equipe de pesquisa elaborou modelos para descrever diferentes cenários de formação das coronas. Em sua análise, os cientistas examinaram 75 coronas utilizando dados de topografia e gravidade, identificando plumas ativas em 52 delas, que se mostraram menos densas e mais quentes, sugerindo uma atividade interna contínua.
Os pesquisadores identificaram dois processos geológicos que ocorrem na Terra e que podem também estar em ação na superfície de Vênus. O primeiro é a subducção, onde o material empurrado por plumas colide com outras partes da crosta, podendo ser empurrado para o interior. O segundo é o gotejamento litosférico, que ocorre quando partes aquecidas da litosfera se tornam densas e afundam no manto.
Uma das principais hipóteses dos cientistas sobre a semelhança tectônica entre Vênus e a Terra é que, mesmo na ausência de placas tectônicas, o planeta vizinho apresenta uma forma alternativa de atividade tectônica, possivelmente semelhante aos processos que ocorreram durante a era primitiva da Terra.
“O aspecto mais emocionante do nosso estudo é que agora temos evidências de que múltiplos processos ativos estão em jogo na formação das coronas. Acreditamos que esses mesmos fenômenos podem ter ocorrido no início da história do nosso planeta”, afirmou Anna Gülcher, coautora do estudo e cientista da Universidade de Berna, na Suíça.
Os cientistas pretendem continuar investigando as coronas de Vênus para aprofundar a compreensão da evolução geológica desse planeta e, principalmente, da Terra.
Acompanhe nossa editoria de Saúde e Ciência no Instagram para se manter atualizado sobre essas e outras descobertas. Para receber notícias diretamente no seu WhatsApp, acesse o canal de notícias do Metrópoles. Para mais informações sobre ciência e nutrição, confira todas as nossas reportagens na seção de Saúde.




