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Inovações, beatbox e transmissões ao vivo: o uso das redes sociais por católicos para engajar a juventude

Com muita energia e fé, as irmãs Marizele Cassiano e Marisa de Paula, da congregação Copiosa Redenção em Trindade (GO), conquistaram a atenção global após uma apresentação surpreendente no programa Pai Eterno, exibido pela TV Pai Eterno. O momento, que mesclou beatbox, dança e louvor, se espalhou rapidamente nas redes sociais nesta semana. O sucesso das irmãs não apenas destaca sua performance cativante, mas também ressalta a estratégia da Igreja Católica em utilizar as plataformas digitais para conectar-se com os jovens.

A oração do rosário, conduzida pelo frei Gilson, tem atraído fiéis de todo o Brasil durante as madrugadas, demonstrando um forte apelo nas mídias sociais. Reconhecido por seu carisma, o sacerdote carmelita mobiliza milhares de pessoas em devoção mariana, mesmo nas primeiras horas do dia. Outro exemplo de destaque é o padre Patrick Fernandes, que recentemente se apresentou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Apostas no Senado Federal. Com quase 7 milhões de seguidores, ele utiliza sua influência para alertar sobre os perigos das apostas online, recebendo relatos de fiéis que enfrentam problemas com o vício em jogos.

A doutora em teologia e historiadora Denise Santana destaca que a Igreja Católica Apostólica Romana já há algum tempo investe em comunicação, intensificando sua presença nas redes sociais nos últimos anos. Para ela, a Igreja reconheceu a relevância da comunicação social e a emprega como uma ferramenta essencial para sua missão evangelizadora. “Esse uso das redes sociais é uma maneira eficaz de atrair a juventude, permitindo que a Igreja dialogue com os jovens na linguagem e nos meios que eles dominam e apreciam”, afirma Denise.

As paróquias realizam eventos ao longo do ano, contando com o apoio dos fiéis para sua realização. Entre as estratégias para atrair o público às celebrações religiosas estão as chamadas “trends”. Vídeos que apresentam padres em situações ligadas à realidade dos jovens têm conquistado milhões de visualizações. O padre Rafael Souza, do Santuário Nossa Senhora da Saúde em Brasília, reconhece que as trends podem captar a atenção dos jovens, mas vê esse fenômeno como algo superficial, alertando que a Igreja precisa ser cautelosa para que essas tendências não desvirtuem a fé. “Devemos oferecer algo verdadeiro da nossa fé, de Jesus Cristo. É fundamental que os jovens venham à Igreja em busca de Cristo, e não apenas para se divertir”, reflete o padre.

Para Denise Santana, essa iniciativa da Igreja Católica é crucial para manter um diálogo próximo com a sociedade. Ela relembra que, no século I, o apóstolo Paulo já utilizava cartas para se comunicar com as comunidades cristãs da época. “Naquele tempo, as cartas eram a forma mais moderna de comunicação. Hoje, a Igreja usa a internet, que é a plataforma mais atual. Vemos um fenômeno crescente de católicos influenciadores nas redes sociais”, explica Denise.

O papa Francisco foi um dos primeiros líderes da Igreja a ter uma presença marcante no ambiente digital, acumulando milhões de seguidores e se tornando uma ponte entre o Vaticano e os fiéis ao redor do mundo. Com menos de um mês no comando da Igreja, Leão XIV já tem mais de 13 milhões de seguidores em uma de suas redes sociais, utilizando-a para compartilhar sua agenda e mensagens com internautas.

Denise Santana também menciona a “igreja virtual” como uma nova forma de as pessoas se conectarem e formarem comunidades de fé, alcançando um número maior de pessoas em um curto período. No entanto, ela alerta para os desafios que surgem com essa digitalização, como o aumento de discursos de ódio, fake news, intolerância religiosa e stalking. “É paradoxal afirmar que há pessoas solitárias em uma comunidade cristã virtual, mas é a realidade. Embora existam comunidades online, isso não garante interação social. Os problemas que afetam a sociedade em geral também impactam os fiéis da Igreja nesse ambiente digital”, conclui Denise.

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