Em uma sessão realizada na Câmara dos Deputados nesta terça-feira (20/5), o deputado federal Pastor Sargento Isidório (Avante-BA) expressou sua opinião sobre as bonecas reborn, que têm se tornado cada vez mais populares no Brasil. Com uma dessas bonecas em seus braços, o parlamentar declarou que brincar com esses brinquedos “não é pecado”, mas enfatizou que o carinho por eles não deve substituir a atenção às crianças em situação de vulnerabilidade.
“Estou aqui com a minha neta, essa bonequinha ‘esborni’, ou como quer que a chamem, para afirmar ao Brasil que isso não é pecado”, disse Isidório enquanto segurava a boneca durante seu pronunciamento.
O deputado ressaltou que todos têm o direito de brincar e se apegar a essas bonecas hiper-realistas, desde que isso não interfira nos serviços públicos. Ele condenou práticas como buscar atendimento no Sistema Único de Saúde (SUS) ou pedir bênçãos religiosas para os brinquedos. “Que todos possam brincar com suas bonecas, mas sem querer incomodar o SUS ou padres e pastores para abençoar seus objetos de silicone”, afirmou.
Isidório também fez um apelo à sociedade para que direcione sua atenção às necessidades das crianças reais. “Peço a quem investe em fantasias para bonecas de silicone que visite orfanatos, abrigos de idosos ou casas de acolhimento”, declarou. Para ele, é fundamental lembrar das “crianças de carne e osso, criadas por Deus, com espírito e alma”, que muitas vezes se encontram “abandonadas, passando fome, frio e necessidade”.
As bonecas reborn são feitas de silicone e têm um acabamento que as torna semelhantes a bebês de verdade. Frequentemente, são vendidas com enxovais completos e podem até simular partos em lojas especializadas. Embora o público infantil ainda seja o principal consumidor, essa tendência tem atraído cada vez mais adultos.
Com o crescimento dessa popularidade, o tema também começou a ser discutido no âmbito legislativo. Na última sexta-feira (16/5), a deputada federal Rosangela Moro (União-SP) apresentou um projeto de lei que propõe atendimento psicológico pelo SUS para aqueles que desenvolvem vínculos afetivos considerados disfuncionais com bonecas reborn. O projeto inclui acolhimento humanizado, escuta qualificada, apoio a familiares e a realização de estudos sobre o tema.
No nível municipal, o vereador Rafael Ranalli (PL) de Cuiabá (MT) protocolou uma proposta que visa proibir qualquer atendimento médico a bonecas reborn nas unidades de saúde da cidade, prevendo advertências, multas de até R$ 10 mil e encaminhamento psicológico para aqueles que se identificarem como pais das bonecas.
No Distrito Federal, o deputado distrital Pastor Daniel de Castro (PP) apresentou nesta terça-feira (20/5) um projeto semelhante, que proíbe atendimentos a bonecas reborn na rede pública de saúde, exceto quando houver recomendação terapêutica por profissionais. O parlamentar reconheceu a importância das bonecas em situações como luto perinatal e depressão pós-parto, mas alertou para os riscos de dependência afetiva que podem sobrecarregar o SUS.




