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Se a dívida é da SAF, que ela pare de ser desculpa pra “freios” no futebol

“O Atlético não tem um centavo de dívida. A dívida é da SAF”. Esse discurso aparece com frequência quando os acionistas do Galo são questionados sobre o endividamento bilionário do clube. Neste contexto, os donos tentam dissociar o clube da empresa, pra passar uma tranquilidade ao torcedor em relação aos débitos. O problema é que, quando o assunto é formação de elenco e investimentos em futebol, a dívida nunca está dissociada do clube.
Bruno Muzzi, o executivo responsável por controlar e falar sobre as finanças do Galo, disse em entrevista nesta semana que o Atlético vai precisar fazer novas vendas de atletas nesta temporada para a conta fechar. Isso, vale destacar, num cenário em que o treinador espera novos reforços, até porque, pra ele (e pra mim também), o elenco ainda não é o ideal.
A crítica aqui não é para Bruno Muzzi. Ele recebe as contas e tem que se virar com elas. O que me incomoda é o uso do argumento “a dívida é da SAF” só quando convém. Ou seja: o torcedor não deve se preocupar com o valor bilionário que o Galo deve, mas essa dívida vai continuar freando investimentos, deixando o clube na corda bamba e sem as condições ideais pra disputar títulos? Então o torcedor vai se preocupar, ué. Simples.
Se é pra assumir o discurso de que a dívida não é mais um problema do Galo, e sim dos donos da SAF, é necessário que eles assumam a seguinte posição: “A partir de agora, os juros da dívida bilionária não vão mais impactar no futebol. Vamos investir alto independentemente do custo da dívida”. Aí eu passo a acreditar. Até paro de me preocupar. Neste cenário, que eu sei que é utópico, a dívida ser de um bilhão, de cinco ou de 10 não muda nada na vida do clube. Não é a realidade de hoje.
Na prática, o Galo, assim como na época de associação, segue dependendo de si mesmo para sobreviver. Se a dívida é altíssima e os juros impagáveis, a conta tem que fechar com vendas de jogadores, de preferência em volume muito maior do que o de compras. Quem esperou que a SAF resolvesse esse problema infelizmente se frustrou.
A realidade que vivemos em 2020 e 2021, de um time efetivamente montado para ser campeão, com elenco pra bater de frente contra qualquer um, não deve retornar tão cedo. Uma pena, porque grande parte da torcida acreditou que aquele seria o “novo normal”. Na real, voltamos a um “velho normal”. Com melhoras, é verdade. Mais organização, novos nomes, novas estruturas. Mas ainda com o cabresto da dívida que, aparentemente, é invencível.
Tomara que eu esteja errado.
Saudações.

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