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Brasil contabiliza 110 mil notificações de abuso sexual infantil em quatro anos

De 2021 a 2024, o Brasil registrou um total de 110.449 relatos de abuso sexual envolvendo crianças e adolescentes. Observa-se uma tendência crescente, com o pico de ocorrências em 2024, quando foram reportadas 36.802 denúncias, representando um aumento de 95,6% em comparação a 2021, que teve 18.809 casos. Esses dados foram disponibilizados pelo Painel de Dados do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania.

Esse cenário é alarmante, especialmente no dia 18 de maio, que marca o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes.

Analisando os ambientes em que os abusos ocorrem, a maioria das vítimas reside na mesma casa que o agressor, com 16.836 casos reportados em 2024. No total, 44% das denúncias nos últimos quatro anos referem-se a vítimas que moram com o perpetrador.

O único diminuição foi no ambiente virtual, que atingiu seu pico em 2022, com 2.169 denúncias, mas caiu para 1.221 no ano passado. Nos quatro primeiros meses de 2024, foram registradas 10.566 denúncias, enquanto no mesmo período em 2025 já são 11.110 casos. Esse aumento é notável, pois, em comparação aos meses do ano anterior, nenhum apresentou redução.

Em entrevista ao Metrópoles, a psicóloga clínica e pedagoga Deborah Gimene esclarece que não existe um único sinal visível que indique que uma criança ou adolescente está sofrendo abuso, uma vez que as reações ao trauma variam de pessoa para pessoa.

“É fundamental entender que não há um sinal específico que indique que uma criança ou adolescente está sendo abusado. Contudo, alguns sinais de alerta exigem uma atenção maior, como sintomas físicos. É importante observar se a vítima apresenta hematomas, inchaço nas genitálias, feridas nas unhas ou infecções urinárias recorrentes”, destaca.

Deborah salienta que qualquer mudança no comportamento pode ser um indicativo de abuso. “Alterações no comportamento, como oscilações no desempenho escolar, baixa autoestima, sentimentos de culpa extremos, desatenção e falta de consciência podem ser sinais importantes.”

A psicóloga também expressa preocupação com o uso da tecnologia, que pode expor as vítimas a abusadores. “É essencial discutir o uso da tecnologia com as crianças para que elas não se tornem vulneráveis.”

A educação sexual é vista como uma ferramenta preventiva contra o abuso sexual. Deborah enfatiza que “muitas pessoas ainda confundem educação sexual com sexo em si, mas na verdade, abrange muito mais. Todos têm direito a essa educação, que deve abordar autoestima, emoções e o próprio corpo, contribuindo assim para uma prevenção mais eficaz.”

Nos casos de abuso, o acompanhamento profissional é crucial, pois, segundo Deborah, as terapias podem ajudar a ressignificar as experiências traumáticas. “A criança, adolescente ou adulto não deve se sentir culpado pelo que aconteceu. O trabalho terapêutico visa promover uma melhor compreensão do ocorrido e auxiliar na reorganização da vida após a experiência vivida.”

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