É provável que você já tenha escutado a crença popular de que os gatos possuem sete vidas. Essa afirmação, que atravessa gerações, ilustra bem a notável resistência desses animais. Embora possa parecer apenas um conto folclórico, ela está enraizada em tradições históricas e culturais, além de intrigantes características comportamentais e fisiológicas.
Graças à sua agilidade extraordinária, reflexos rápidos e equilíbrio impecável, os gatos têm a capacidade de sobreviver a situações que poderiam ser fatais para outros seres, como quedas de grandes alturas. Com o tempo, a habilidade natural desses felinos de sair ilesos ou de se recuperar rapidamente de acidentes considerados sérios contribuiu para a ideia de que eles têm sete vidas.
“Apesar de não haver comprovação científica, a teoria das sete vidas surgiu da observação popular. Em diversas culturas, os gatos sempre foram cercados de mistério e simbolismo. Nos países de língua portuguesa e espanhola, a crença é que eles têm sete vidas, enquanto em países de língua inglesa, essa quantidade é nove. Esses números têm conotações místicas tradicionais e foram associados aos gatos devido à sua impressionante capacidade de sobrevivência”, esclarece a veterinária Bárbara Lopes, da clínica VetSmart, em Brasília.
Além da resistência a quedas, os gatos também são frequentemente percebidos como mais robustos em relação a doenças. Segundo a veterinária Kássia Vieira, doutora em saúde animal, isso ocorre porque os felinos foram domesticados mais recentemente e conservam comportamentos herdados de seus ancestrais selvagens.
“Os antepassados dos gatos eram pequenos felinos selvagens que se tornavam presas de animais maiores, especialmente se mostrassem fraqueza. Por isso, até hoje, os gatos tendem a ocultar sinais de enfermidade. Muitas vezes, só nos damos conta de que um gato está doente quando ele para de se alimentar ou quando o problema já se agravou. Esse comportamento de não demonstrar vulnerabilidade é uma herança ancestral que perdura até hoje”, detalha Kássia, que também leciona medicina veterinária na Universidade Católica de Brasília.
Comparados aos cães, os gatos apresentam uma menor incidência de doenças infecciosas, tanto virais quanto bacterianas. Além das características fisiológicas da espécie, o período mais curto de domesticação em relação aos cães também desempenha um papel nesse fenômeno.
“Embora recebam menos vacinas devido à menor quantidade de doenças infecciosas para as quais existem imunizantes disponíveis, os gatos ainda necessitam de cuidados e atenção constantes”, enfatiza Kássia.
As características anatômicas dos gatos ajudam a explicar como esses animais conseguem escapar de situações perigosas ao longo de sua vida. Eles possuem uma série de recursos naturais que favorecem sua sobrevivência.
Entretanto, apesar da reputação de resistência, os felinos não são imortais. É fundamental que sejam adotadas medidas de segurança para prevenir quedas, como a instalação de telas de proteção em apartamentos, por exemplo.
“É imprescindível que os tutores procurem atendimento veterinário ao primeiro sinal de queda ou trauma, mesmo que o gato pareça estar bem. Eles são especialistas em disfarçar a dor, o que pode atrasar o diagnóstico e o tratamento de lesões internas”, conclui Bárbara.
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