O brasileiro tem uma forte conexão com referências internacionais, e isso se tornou evidente com o lançamento de “Mangaká da Favela”, obra dos autores Hagimoto Souhachi (roteiro) e Taruro Minoru (ilustrações). A narrativa gira em torno de Hiroto, um mangaká japonês desiludido que viaja ao Brasil em busca de novas perspectivas e acaba se deparando com João, um jovem talentoso que sonha em se tornar mangaká, buscando escapar do cruel destino de se envolver com o crime.
Ler um mangá japonês que aborda a cultura brasileira provoca uma mistura de emoções. Embora a obra apresente exageros e generalizações, especialmente sobre a violência nas comunidades, ela também capta diversos aspectos culturais de maneira autêntica. Os personagens da comunidade, por exemplo, vivem com medo da polícia, enquanto a feira livre é retratada de forma vibrante e a hospitalidade brasileira é fielmente representada.
“Mangaká da Favela” não é apenas um título que nos coloca como tema; trata-se de uma obra de qualidade. Embora siga a típica estrutura de um professor que ensina um aluno, o enredo é elaborado de maneira perspicaz. Hiroto vê o talento de João e deseja ajudá-lo, mas também enfrenta a frustração de ser superado por um adolescente brasileiro. Enquanto isso, João está sempre pronto para elevar a autoestima de Hiroto e reconhecer seu potencial.
Com uma arte envolvente e um roteiro bem construído, “Mangaká da Favela” se destaca como uma leitura prazerosa. A editora Panini fez uma escolha acertada ao licenciar o mangá e lançá-lo simultaneamente ao Japão, uma raridade que merece ser celebrada.
“Mangaká da Favela” (1 volume, em andamento)
Autores: Hagimoto Souhachi e Taruro Minoru
Editora: Panini
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Mangás que Retratam o Processo de Criação
“Bakuman”: Um dos grandes clássicos sobre a jornada de dois adolescentes que sonham em publicar uma obra na revista Shonen Jump, a mesma que lançou “Bakuman”. O mangá oferece uma visão intrigante sobre como funciona a serialização de quadrinhos no Japão e foi publicado no Brasil pela editora JBC.
“Opus”: Criado por Satoshi Kon, mais conhecido por seus filmes, este mangá narra a história de um autor que deseja encerrar a trama com a morte de seu personagem principal, que não aceita a ideia e acaba escapando para o mundo real. A obra foi lançada no Brasil pela Panini.
“A Estrela do Hentai”: Kanehira, um típico otaku, recebe uma proposta para se tornar um autor de mangás eróticos. Essa obra quase funciona como um guia, explorando aspectos como enquadramento e diálogos dos quadrinhos românticos intensos. Publicada pela NewPOP no Brasil.
Mangá Brasileiro em Ascensão! “Tools Challenge” é um Excelente Shonen de Ação
Em “Mangaká da Favela”, temos personagens que aspiram a criar quadrinhos no estilo mangá, mas existem brasileiros que já estão trilhando esse caminho. Uma recomendação valiosa é “Tools Challenge”, um mangá brasileiro que foi finalizado e é bastante interessante.
“Tools Challenge” retrata um mundo onde cada bebê nasce com uma ferramenta. Raion, o protagonista, recebe uma ferramenta especial de ouro, que é roubada. O problema é que quem fica 15 anos longe de sua ferramenta de nascimento corre risco de morte. Agora, como adolescente, ele tem uma esperança: sua ferramenta de ouro é o prêmio de um torneio de luta perigoso entre usuários dessas ferramentas especiais.
Embora eu conheça Max Andrade, o autor, e tenha conversado bastante com ele em eventos, “Tools Challenge” é realmente uma obra incrível. Uma das melhores características dessa produção, que começou em 2010 e foi publicada integralmente após anos, é a forma como abraça clichês.
Os personagens de Raion e seus amigos podem não ser inovadores, mas isso não é um ponto negativo. Max consegue criar personagens cativantes, lutas emocionantes e reviravoltas surpreendentes, proporcionando uma leitura fluida que lembra uma obra aclamada da Shonen Jump, mas com o toque especial da cultura brasileira. Vale a pena conferir.
“Tools Challenge” (2 volumes)
Autor: Max Andrade
Editora: JBC
Destaques da Semana em Splash UOL
Sugestões para os Fãs de “Solo Leveling”
Após o encerramento de “Solo Leveling”, muitos fãs estão ansiosos pela continuação do anime. Enquanto isso, compilamos uma lista de animes semelhantes para aqueles que sentem falta de Jinwoo e suas aventuras.
Personagens Dentistas em Animes
Recentemente, durante o feriado de Tiradentes, tive a ideia inusitada de criar uma lista com dentistas de animes. A equipe do Splash adorou a sugestão e agora você confere alguns personagens especializados em extrações dentárias.
Live sobre “One Piece” com Guto Barbosa
Conforme anunciado anteriormente, realizamos uma live no YouTube do Splash UOL para discutir “One Piece”. Juntei-me ao youtuber Guto Barbosa para comentar sobre o futuro da série, mudanças no anime e especulações sobre quando essa jornada épica chegará ao fim.
Mestre da Semana: Érica Awano, a Pioneira dos Mangás Brasileiros
Nesta edição especial da newsletter sobre mangás no Brasil, homenageamos Érica Awano, uma das principais figuras dos quadrinhos no estilo japonês nos anos 1990. Formada em Letras pela USP, ela trilhou o caminho da ilustração e tornou-se uma das primeiras mangakás do país, embora prefira não ser chamada assim.
Seus primeiros trabalhos incluíram produções de personagens japoneses, como “Mega Man” e “Street Fighter Zero 3”. Com o tempo, ela se aproximou de Marcelo Cassaro, escritor de RPG, e tornou-se a ilustradora dos livros de Tormenta. Um projeto especial em que participou foi “Holy Avenger”, um mangá baseado no universo de Tormenta, que foi um grande sucesso de vendas e ajudou a popularizar os mangás no Brasil durante a época de sua estreia.
A obra, que inicialmente seria lançada em 40 edições mensais (posteriormente reunidas em 5 volumes), traz uma narrativa de campanha de RPG com uma abordagem mais estilizada de mangá. Atualmente, “Holy Avenger” foi relançado pela Jambô Editora.
Érica continuou sua carreira de ilustração e até desenvolveu outra história com tema de RPG, “DBride Noiva do Dragão”, mas seu impacto no mercado nacional de quadrinhos é inegável. Se tiver a oportunidade, leia “Holy Avenger” para entender como ela abriu portas para o mercado de quadrinhos brasileiros no estilo mangá.
Até a próxima semana, amantes de mangás!