A gravidez é um período repleto de mudanças no organismo feminino, que abrangem aspectos físicos, hormonais e emocionais. Embora muitas dessas transformações sejam normais, algumas condições de saúde podem surgir ou se intensificar, exigindo atenção especial.
Profissionais consultados pelo Metrópoles identificaram os problemas de saúde mais frequentes durante a gestação. Veja a seguir:
A hipertensão arterial pode se manifestar após a 28ª semana de gestação, frequentemente em decorrência de mudanças nos vasos sanguíneos e da adaptação da placenta. Se não for monitorada, pode evoluir para pré-eclâmpsia ou eclâmpsia, situações que apresentam riscos tanto para a mãe quanto para o bebê.
“A prevenção dessa condição pode ser feita por meio de medicamentos específicos e suplementação de cálcio para mulheres em risco”, explica a ginecologista e obstetra Ludmila Bercaire, atuante em São Paulo.
O aumento da demanda por ferro durante a gravidez, em razão do maior volume de sangue e da formação das hemácias fetais, pode levar à anemia caso a alimentação não atenda a essa necessidade ou haja problemas na absorção. Os sintomas principais incluem fadiga, palidez e dificuldade para respirar.
Algumas gestantes podem desenvolver resistência à insulina, influenciada pelos hormônios da placenta, resultando em elevação dos níveis de glicose no sangue, especialmente no segundo ou terceiro trimestre. “Embora frequentemente não apresente sintomas, essa condição pode ser perigosa para mãe e bebê se não for tratada. Assim, é essencial que todas as gestantes passem por rastreio entre a 24ª e a 28ª semana”, orienta Ludmila.
A diabetes, caracterizada pelo aumento da glicose no sangue, é uma doença que pode ser silenciosa e causar danos a diversos órgãos, como olhos, rins, nervos e coração, se não for tratada adequadamente. A hiperglicemia resulta de falhas na secreção ou na ação da insulina, hormônio produzido pelo pâncreas, cuja principal função é facilitar a entrada de glicose nas células.
Dietas inadequadas, ricas em alimentos processados e açucarados, são uma das principais causas do desenvolvimento da diabetes, além da falta de atividade física.
Existem três tipos principais de diabetes: tipo 1, onde o pâncreas deixa de produzir insulina e é a forma menos comum, manifestando-se desde o nascimento; diabetes tipo 2, que é a mais comum e ocorre quando o paciente desenvolve resistência à insulina ou produz insulina insuficiente; e diabetes gestacional, que afeta mulheres grávidas, especialmente aquelas com histórico familiar da doença, podendo gerar complicações como malformações e problemas respiratórios no bebê.
Além disso, existem formas raras de diabetes, como aquelas provocadas por doenças pancreáticas, defeitos genéticos ou uso de certos medicamentos. O termo pré-diabetes refere-se a níveis elevados de açúcar no sangue que ainda não são suficientes para um diagnóstico formal.
Os sintomas da diabetes podem variar conforme o tipo, mas geralmente incluem sede excessiva, micção frequente e coceira no corpo. Fatores como histórico familiar e obesidade elevam o risco.
Outros sinais que podem indicar a presença da doença incluem alterações na sensibilidade dos pés, visão embaçada e infecções recorrentes. O diagnóstico é realizado por meio de exames de rotina, como o teste de glicemia em jejum. Os valores de referência são: abaixo de 99 mg/dL (normal), entre 100 e 125 mg/dL (pré-diabetes) e acima de 126 mg/dL (diabetes).
Independentemente do tipo, o controle dos níveis de glicose é essencial. Manter uma alimentação saudável e praticar atividades físicas regularmente ajuda a manter o peso adequado e os níveis de glicose e colesterol sob controle. Quando a diabetes não é tratada, os níveis elevados de açúcar no sangue podem causar sérios problemas, incluindo surdez, neuropatia, doenças cardiovasculares, retinopatia e até depressão.
Infecções urinárias são comuns durante a gestação devido à dilatação das vias urinárias e à redução da motilidade da bexiga. Muitas vezes, não apresentam sintomas, mas se não tratadas, podem levar a um parto prematuro. “Exames regulares de urina são essenciais para a detecção precoce dessas infecções”, alerta a médica.
As hemorroidas, que são dilatações nas veias da região anal, podem ser favorecidas por alterações hormonais, aumento do volume sanguíneo e pela pressão exercida pelo útero em crescimento. Elas podem causar dor, coceira e, em alguns casos, sangramento. O tratamento geralmente se concentra no alívio dos sintomas, através de banhos de assento mornos, pomadas apropriadas e, se necessário, intervenção médica.
“Para prevenir, recomenda-se uma dieta rica em fibras, boa hidratação, evitar longos períodos em pé ou sentada e realizar exercícios adequados à gestação”, sugere a coloproctologista Aline Amaro, de Brasília.
As fissuras anais, cortes na mucosa do ânus, são frequentemente causadas por constipação, uma condição comum na gravidez. Isso se deve à ação da progesterona, que diminui os movimentos intestinais, além da pressão abdominal aumentada. “O tratamento pode incluir ajustes na dieta, laxantes leves, banhos de assento mornos e pomadas cicatrizantes. Para casos mais resistentes, é fundamental consultar um médico para avaliar opções seguras”, afirma o coloproctologista Danilo Munhóz, da clínica DuoProcto, em Brasília.
Durante a gravidez, o aumento do volume sanguíneo e a compressão das veias pélvicas pelo útero favorecem o surgimento de varizes nas pernas, que podem causar dor, inchaço e sensação de peso. “Caminhadas leves, elevando as pernas e o uso de meias de compressão são medidas eficazes para aliviar os sintomas”, recomenda o angiologista Rodolpho Reis.
É crucial que as gestantes reconheçam os sinais que exigem atenção imediata. De acordo com a ginecologista Ludmila Bercaire, os principais sinais de alerta incluem:
Ela ressalta que o acompanhamento pré-natal regular, combinado com informações de qualidade, é a melhor forma de prevenir e identificar precocemente qualquer alteração. “Cada gestação é única, e embora muitas mudanças sejam naturais, é essencial não ignorar os sinais do corpo. Em caso de dúvida, o melhor caminho é sempre buscar um profissional de saúde confiável”, aconselha a médica.
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