O Festival de Cannes decidiu proibir a presença do ator Théo Navarro-Mussy no tapete vermelho durante a estreia competitiva do filme “Dossier 137”, após surgirem informações de que ele está enfrentando acusações de violência sexual feitas por três mulheres. O filme está na disputa pela Palma de Ouro, a mais prestigiosa premiação do festival.
O que ocorreu
A decisão foi tomada por Thierry Frémaux, o diretor do Festival de Cannes, conforme noticiado pelo Deadline. Embora Cannes não tenha um protocolo oficial sobre como lidar com casos de participantes acusados de violência sexual, Frémaux parece ter se baseado nas diretrizes da Academia Francesa do César, o equivalente francês do Oscar. Esse ato representa mais um passo nos esforços do festival para combater o assédio e o abuso no setor cinematográfico.
Navarro-Mussy faria parte da equipe do thriller “Dossier 137”, dirigido por Dominik Moll e em competição pela Palma de Ouro. Sua exclusão seguiu um alerta da revista Télérama e da associação de atores ADA sobre denúncias formais de estupro, violência física e psicológica relacionadas a eventos entre 2018 e 2020.
Embora um tribunal francês tenha arquivado o caso em abril de 2025, as denunciantes informaram que estão recorrendo como partes civis. “Há um apelo, e, portanto, a investigação continua. O caso não está encerrado”, declarou Frémaux à Télérama. O regulamento do César, que serve de referência para Cannes, proíbe a participação de profissionais sob investigação por crimes violentos até que haja uma decisão judicial definitiva.
Essa ação reforça a postura do festival, que tem enfrentado críticas nos últimos anos por sua suposta conivência com comportamentos inadequados. Em 2023, a atriz Adèle Haenel acusou Cannes de fazer parte de um “ecossistema de complacência” com predadores sexuais. Neste ano, um inquérito parlamentar francês — liderado pela cineasta Judith Godrèche, que denunciou abusos do diretor Benoît Jacquot — classificou a violência sexual como “endêmica” no cinema francês e pediu que Cannes se empenhasse em erradicá-la.
O festival já havia sido associado a escândalos envolvendo Harvey Weinstein, cujas vítimas incluíam Godrèche. Em 2023, Frémaux respondeu às críticas de Haenel, chamando-as de “falsas”, mas a nova decisão indica uma mudança de abordagem. Um porta-voz confirmou à imprensa a exclusão de Navarro-Mussy.




