Por: Ana Claudia Paixão – via Miscelana
Na noite de 16 de novembro de 2025, Tom Cruise finalmente teve sua ausência histórica corrigida ao receber o Oscar Honorário, em um evento que foi marcado por emoções profundas e um entusiasmo quase reverente. A cerimônia ocorreu no Governors Awards, no Ray Dolby Ballroom, em Hollywood, com a presença de algumas das maiores estrelas da última década. Reconhecido como um fenômeno de bilheteira, produtor influente e defensor fervoroso da experiência cinematográfica, Cruise foi homenageado não apenas por sua vasta obra, mas também pelo impacto duradouro que exerce sobre a essência de “ir ao cinema”.
O momento foi apresentado por Alejandro G. Iñárritu, que dirige Cruise em um novo filme da Warner previsto para outubro de 2026, e simbolizou a oficialização do ator no panteão da Academia. Iñárritu também insinuou que essa poderia ser apenas a primeira de muitas honrarias, aumentando as expectativas sobre uma futura indicação competitiva.
O discurso de Cruise rapidamente se destacou como um dos mais memoráveis da noite. Ele expressou sua gratidão à comunidade cinematográfica, exaltou o trabalho das equipes técnicas e enfatizou a importância do público como a força vital da indústria. A frase que se tornou emblemática de sua trajetória foi: “Fazer filmes não é o que faço, é o que sou”.
Em um mergulho pela memória afetiva, Cruise recordou a primeira vez que entrou em uma sala de cinema: “Era apenas um garoto, observando aquele feixe de luz cortar a escuridão e abrir um mundo muito maior que o meu. Isso expandiu minha imaginação, minha sede por aventura, por conhecimento e pela compreensão da humanidade.” Sua fala, que oscilou entre poesia e manifesto, reafirmou seu vínculo emocional com o cinema, que sempre considerou mais um destino do que uma simples profissão.
Os bastidores da noite foram igualmente vibrantes, com estrelas visivelmente emocionadas ao avistar Cruise, que ainda possui a habilidade de gerar reações quase primitivas, mesmo entre aqueles habituados à fama. Personalidades como Leonardo DiCaprio, Regina Hall, Benicio Del Toro, Jennifer Lopez, Mark Hamill, Ted Sarandos, Rian Johnson, Hailee Steinfeld e Sydney Sweeney se reuniram ao redor do astro para trocar algumas palavras. Outros famosos, como Austin Butler, Josh O’Connor, Jacob Elordi, Noah Baumbach, Richard Linklater e Ariana Grande, também estavam presentes, todos engajados nas campanhas para o Oscar 2026.
Apesar de Cruise ter sido o foco das atenções, outras homenagens também brilharam. Debbie Allen recebeu sua estatueta honorária das mãos de Cynthia Erivo e, ao avistar Cruise na plateia, fez uma brincadeira sobre seu icônico momento em “Risky Business”: “Nunca esqueceremos quando você deslizou de cueca. Nem você deveria.” Wynn Thomas, um pioneiro da direção de arte, emocionou o público ao compartilhar sua história de superação, enquanto Dolly Parton, que não compareceu devido a questões de saúde, fez uma emocionante aparição em vídeo ao receber o Jean Hersholt Humanitarian Award.
Outro ponto alto da noite foi a presença de Guillermo del Toro e do elenco de “Frankenstein”, um dos filmes mais aguardados de 2025. A presença do grupo destacou o Governors Awards como um evento não apenas de celebração, mas também um termômetro estratégico para a temporada de premiações.
Wagner Moura, o brasileiro presente, expressou sua empolgação pelo discurso de Cruise, afirmando: “Quero fazer um filme agora. O discurso dele foi combustível puro.”
Embora o Oscar Honorário possa ser visto como um reconhecimento tardio, no caso de Cruise, ele sinaliza o início de um novo capítulo. Com o ator no centro do próximo filme de Iñárritu, que já é considerado um forte candidato ao Oscar de 2027, as comparações com a trajetória de Paul Newman, que após receber sua homenagem conquistou um Oscar competitivo no ano seguinte, são inevitáveis.
Cruise frequentemente menciona que continua a seguir o feixe de luz que viu pela primeira vez em uma sala de cinema quando era menino. A noite do Governors Awards deixou claro que essa luz não apenas permanece acesa, mas continua a iluminar aqueles ao seu redor. Em uma indústria em constante transformação, sua presença ainda gera alinhamento e expectativa.
Se este Oscar corrige uma ausência histórica, ele também abre portas para um reconhecimento mais profundo de que Cruise, longe de encerrar sua carreira, está prestes a iniciar uma fase talvez mais intrigante de sua longa trajetória. E Hollywood, mesmo em meio a mudanças, ainda reconhece aqueles que mantêm viva a chama do cinema.
