O juiz Antonio Carlos Pontes de Souza, responsável por estabelecer a pena de 98 anos de reclusão para Paulo Cupertino, fez comentários sobre o comportamento social do réu durante o julgamento. Essa análise foi parte do processo de dosimetria, que determina a duração da pena em casos de condenação.
Segundo o juiz, a conduta social de Cupertino deveria ser avaliada negativamente, levando em conta os testemunhos unânimes de diversos depoentes e dos co-réus, que revelaram um padrão de comportamento que não condiz com as expectativas mínimas nas relações familiares e sociais. Os relatos de agressões contra sua ex-companheira e filha foram considerados sólidos e coerentes.
Pontes de Souza também examinou tanto as circunstâncias agravantes quanto as atenuantes. Os homicídios do ator Rafael Miguel e de seus pais, João e Miriam, foram qualificados devido à motivação torpe e ao uso de métodos que dificultaram a defesa das vítimas. As considerações e detalhes do caso foram publicados no site oficial do Tribunal de Justiça de São Paulo.
O julgamento teve início na última quinta-feira, por volta das 11h00, e a sentença foi divulgada somente às 20h30 do dia seguinte, após o depoimento de sete testemunhas, o interrogatório dos três réus e os debates entre os promotores do Ministério Público e a defesa de Cupertino.
De acordo com a acusação, a filha de Paulo Cupertino, Isabela Tibcherani, estava em um relacionamento com Rafael Miguel contra a vontade do pai. No dia do crime, o jovem se dirigiu à casa do acusado, acompanhado de seus pais, com a intenção de discutir a situação. Contudo, todos foram assassinados com doze tiros disparados no local.
A condenação foi decidida por sete jurados — quatro homens e três mulheres — que se reuniram no fórum criminal da Barra Funda, na zona oeste de São Paulo, para finalizar o julgamento. Todos votaram pela condenação.
Paulo Cupertino assistiu ao debate entre os advogados, mas não permaneceu para ouvir a leitura da sentença. Os familiares de Rafael celebraram e aplaudiram a decisão, enquanto apenas a família das vítimas ficou no plenário após o anúncio.
Os outros dois réus, Eduardo José Machado e Wanderley Antunes, acusados de auxiliar na fuga do empresário, foram absolvidos. Paulo Cupertino foi preso em 2022, após estar foragido por três anos. A defesa do réu alegou que outra pessoa estava presente na cena do crime, sustentando que o pai de Isabela não foi quem disparou os tiros.




