Durante o Festival Negritudes promovido pela Globo, MV Bill abordou a escassez de diversidade na televisão brasileira em décadas passadas. O ator, que recentemente participou da série “Volta por Cima”, recordou suas críticas à emissora e afirmou que não se arrepende de suas colocações.
Ele relembrou as severas críticas que fez à televisão e à teledramaturgia nos anos 90, incluindo produções da Globo. Naquele período, a realidade era bastante distinta da atualidade, onde as três novelas de maior audiência são protagonizadas por mulheres negras. “Nos anos 90, ao ligarmos a TV, parecia que estávamos na Dinamarca, de tão desconectados que estávamos do nosso povo”, afirmou.
MV Bill também mencionou um depoimento marcante que deu no programa Altas Horas em 2008, defendendo as cotas. “Eu me manifestei durante uma discussão sobre cotas, mesmo não tendo sido convidado para isso. Senti que precisava expressar minha opinião, não podia ficar em silêncio naquele momento”, contou.
Ele fez uma intervenção espontânea, expressando suas críticas sobre a forma como a população negra era representada. Após essa participação, ele ficou 14 anos sem retornar ao programa. “Não sei se minha ausência está relacionada a isso, mas não me arrependo de ter me posicionado. Acredito que minha fala teve um impacto significativo”, destacou.
MV Bill recordou que, na época, havia lido “A Negação do Brasil” de Joel Zito Araújo, uma obra que aborda de forma realista as dificuldades enfrentadas pela população negra. “Não é uma história romântica ou glamourosa. Nós enfrentamos muitas batalhas para chegarmos ao momento em que estamos hoje”, ressaltou.
Ele também elogiou os avanços atuais: “Ver três protagonistas negras nas principais novelas do país é algo significativo. E o mais importante é que a emissora não fez alarde sobre isso. Isso deve ser algo natural, parte do nosso cotidiano. Fico feliz em ver essa mudança de mentalidade acontecendo”.
								



