Márcio Kieling, famoso por seu papel como Perereca na série “Malhação” da Globo, está equilibrando sua carreira de ator com uma atividade como trader no mercado financeiro. Em uma conversa com a equipe do Splash, ele compartilhou como a imagem de “galã” influencia as possibilidades de trabalho, a relevância de diversificar suas fontes de renda e seu desejo de atuar em uma “novela das oito”.
“Sou frequentemente rotulado como galã, e isso reduz minhas opções de trabalho. Por que eu não poderia interpretar um taxista? Para mim, isso é possível, mas, na visão de diretores e produtores de elenco, sou estereotipado como um galã. Parece que não existem personagens atraentes em outras funções, e isso eu contesto.”
Ele menciona Carolina Dieckmann, que recentemente expressou ter perdido papéis por ser considerada “bonita demais”, e concorda com a visão da atriz. Para Kieling, essa rotulação limita os artistas a certos tipos de personagens, mesmo que ele não deseje se restringir a esses estereótipos.
A busca por uma alternativa à carreira de ator se intensificou durante a pandemia de Covid-19, que restringiu as oportunidades de trabalho devido às normas de saúde. Esse foi o momento em que Kieling se aprofundou no universo financeiro. “Comecei a estudar sobre educação financeira e percebi que não tinha conhecimento algum sobre isso aos 40 anos. Fui em busca de aprender e fiquei fascinado. Nunca imaginei que trabalharia no mercado financeiro, mas quando conheci, foi como um amor à primeira vista.”
A flexibilidade de horários dessa nova atividade permite que ele concilie o trabalho com a atuação. Ele também enfatiza a importância de ser mais “racional” do que “emocional” ao operar como trader — um profissional que realiza negociações na Bolsa de Valores.
As mudanças no mercado audiovisual, que agora adota mais contratos por obra, impactaram muitos atores. Por isso, ter uma segunda fonte de renda se tornou fundamental para enfrentar os períodos sem trabalho, as chamadas “entressafras”. Após vivenciar essa instabilidade por um longo tempo, Kieling sente-se mais seguro com sua nova profissão e aconselha seus colegas a buscarem educação financeira.
“Muitos artistas nunca se prepararam para esse tipo de situação e acreditam que o sucesso é eterno. ‘Ah, fiz uma novela de sucesso e agora vou emendar outra.’ São poucos os que realmente têm esse privilégio.”
Nascido em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, o artista chegou ao Rio de Janeiro em 1997, aos 18 anos, com a meta de se tornar ator. Antes disso, sonhava em ser jogador de futebol, mas um comercial mudou seu foco. A chance de se mudar para o Rio surgiu após ele participar de um curso de fim de semana, onde um diretor da Globo, envolvido em “Malhação”, o convidou para o elenco de apoio. Em um espaço de tempo relativamente curto, de 1997 a 2000, Kieling passou de uma notoriedade regional para o reconhecimento nacional com o personagem Perereca.
“Meu desejo era conquistar um papel que me proporcionasse visibilidade nacional. Para minha sorte e competência, isso aconteceu em dois anos.”
Enfrentar a fama repentina foi um desafio, algo para o qual, segundo ele, ninguém está completamente preparado. Contudo, ao ingressar gradualmente na carreira artística, participando de elencos de apoio e oficinas, Kieling acredita que isso o ajudou a se preparar um pouco mais.
“Sinto que tive sorte por ter convivido com pessoas que também alcançaram grande sucesso, e outros que brilharam e depois desapareceram. Aprendi que a carreira de ator, assim como muitas outras, tem seus altos e baixos e não é um caminho fácil. Sempre soube que a fama poderia ser efêmera, e de fato, foi.”
Além de “Malhação” e “Pecado Capital”, sua estreia no cinema ocorreu no filme “Tolerância” (2000). O papel que mais se destacou na telona foi em 2005, quando interpretou o cantor Zezé Di Camargo no filme “Dois Filhos de Francisco”. Ele também trabalhou na Record.
Atualmente, Márcio Kieling transformou sua paixão por educação financeira em um “propósito”. Para compartilhar seu conhecimento sobre o tema, está desenvolvendo projetos audiovisuais, incluindo uma série documental ficcional e um longa-metragem, com o intuito de tornar o assunto mais acessível para quem não tem familiaridade.
O ator ainda guarda um sonho em sua trajetória artística: atuar na faixa de maior prestígio das novelas da televisão. “Nunca participei de uma novela das oito. Já fiz praticamente de tudo, mas essa é uma meta que ainda almejo.”




