Alexandre Nero acredita que o apelo do vilão Marco Aurélio nas redes sociais reflete a atração do público por figuras moralmente ambíguas. Em uma entrevista à coluna de Ancelmo Gois, do jornal O Globo, o ator discute sua interpretação do empresário cafajeste no remake de “Vale Tudo”, destacando como esses personagens despertam desejos primitivos.
Nero enfatizou a distinção entre o novo vilão e o anti-herói Comendador, que ele interpretou em “Império”. “Enquanto o Comendador, mesmo sendo rico, tinha uma vida simples e não desdenhava os menos favorecidos, Marco Aurélio é elitista, ostentador e se relaciona apenas com aqueles que lhe são vantajosos, tanto social quanto financeiramente.”
Sobre o fenômeno nas redes sociais, Nero comentou: “Acredito que o vilão tem a liberdade de se expressar de uma forma mais ampla, permitindo que o público explore suas imaginações. Ele traz à tona desejos primitivos, que impactam nossas emoções, tanto positiva quanto negativamente. Essa capacidade de afetar é o que fundamenta o entretenimento. O verdadeiro Marco Aurélio é alguém com quem ninguém se identifica, mas sua versão ficcional nos permite rir dos absurdos.”
O ator revelou que entrou em contato com Reginaldo Faria, que originalmente interpretou Marco Aurélio na novela clássica. “Quando soube que faria o papel, liguei para Reginaldo para pedir sua bênção, uma prática respeitosa e gentil no teatro. Tivemos uma conversa breve, onde ele compartilhou histórias interessantes e suas inspirações para criar seu Marco Aurélio.”
Nero optou por não assistir à novela original para evitar influência, pois considera Reginaldo uma figura muito marcante e queria moldar sua própria versão do personagem. Ele se mostrou entusiasmado para regravar a icônica cena em que o vilão, ao deixar o país, faz um gesto desafiador ao Brasil. “Esse momento é emblemático na teledramaturgia brasileira. Foi a primeira novela que realmente mostrou ‘o Brasil em sua essência’, não apenas por isso, mas também por subverter a ideia de que ‘o bem sempre triunfa no final’.”




