Nesta quarta-feira (7), às 21h30, o Cruzeiro reencontra o Mushuc Runa, do Equador, em Riobamba, para a quarta rodada da fase de grupos da Copa Sul-Americana. No primeiro confronto, realizado no Mineirão, a equipe, até então pouco conhecida e com raízes indígenas, surpreendeu ao vencer por 2 a 1. Além do resultado inesperado, o clube possui um projeto audacioso, que foi detalhado por seu presidente, Luis Alfonso Chango.
Em uma entrevista, Chango, que ocupa a presidência vitalícia por ser o fundador do Mushuc Runa Sporting Club, compartilhou suas aspirações em relação à infraestrutura da equipe. Um dos principais objetivos é a construção de um estádio com capacidade para mais de 40 mil torcedores, contando com investimentos provenientes do Brasil. Segundo Chango, essa iniciativa visa “promover a inclusão dos indígenas no futebol profissional”.
“O Mushuc Runa Sporting Club possui uma área de 100 hectares destinada aos treinos. Estamos também erguendo uma residência para os jovens atletas, que incluirá indígenas, é claro. Nosso foco é o desenvolvimento econômico. Recentemente, adquirimos um ônibus que, segundo acredito, é o único no Equador com condições adequadas para o transporte de uma equipe profissional de futebol, oferecendo diversos serviços, como um vagão-leito e 32 assentos — um ônibus de primeira classe”, explicou o presidente.
“Aspiramos a continuar parcerias com bancos brasileiros, por exemplo, para financiar a construção do nosso novo estádio, que terá capacidade para 42.000 espectadores. Queremos um espaço que funcione como um ponto turístico, gerando renda continuamente, que inclua um museu e que seja projetado para diversas atividades, não apenas para jogos de futebol. Temos um projeto interessante, estimado em 50 milhões de dólares. Estamos em busca de financiamento, mas almejamos que o Mushuc Runa Sporting Club represente uma nova abordagem para a inclusão dos indígenas no futebol profissional. É um desafio, mas acreditamos que é possível, estamos progredindo”, afirmou Chango.
Antes de fundar o Mushuc Runa Sporting Club, Chango se destacou como um empresário bem-sucedido. Com apenas 27 anos, ele criou uma cooperativa de poupança que leva o mesmo nome do clube, a qual atualmente é a maior do Equador.
De acordo com a Forbes, renomada revista de negócios e economia, a cooperativa Mushuc Runa possui “ativos de US$ 70,1 milhões, cerca de 270.000 membros e US$ 570,1 milhões em ativos, com mais de 26 escritórios espalhados pelo país, gerando um lucro de US$ 5 milhões”.
Luis Alfonso Chango percebeu a oportunidade de crescimento antes da crise bancária de 1999 no Equador. Ele notou que o sistema financeiro era elitista e excluía os indígenas, que não tinham acesso a instituições financeiras adequadas. Após o colapso dos bancos, Chango liderou um esforço para atrair clientes indígenas, visitando comunidades, aproveitando seu reconhecimento por seu trabalho como secretário político de uma paróquia local.




