Nos últimos 25 anos, a popularização de smartphones e a ascensão dos smartwatches, conhecidos como “relógios inteligentes”, poderiam ter ofuscado as opções analógicas. Porém, apesar da evolução tecnológica, os relógios de ponteiro permanecem como favoritos entre os aficionados, especialmente no segmento de luxo, onde modelos ultrapassam a marca de seis dígitos. Marcas icônicas como Rolex, Tag Heuer, Cartier, Omega e Patek Philippe continuam a oferecer uma variedade que vai de designs clássicos a opções mais contemporâneas, todas destacando os tradicionais ponteiros.
Atualmente, essa tendência se alinha com o crescimento do conceito de “luxo barulhento”, evidenciado na série The White Lotus, assim como pela recente edição do Watches & Wonders em Genebra, um evento de prestígio para o setor. Vamos explorar essa categoria de consumo!
Em uma entrevista a um portal internacional, Charles Tian, fundador da WatchCharts, comentou que os relógios mecânicos ainda atraem atenção em um mundo de rápidas mudanças tecnológicas porque se inserem no diálogo entre cultura e moda. Isso é evidente nas coleções de figuras públicas, desde os modelos sporty-inspired do icônico piloto brasileiro Ayrton Senna até os elegantes relógios da Cartier que pertencem ao rapper Tyler, the Creator. Até mesmo o empresário Mark Zuckerberg, após um “rebranding” de estilo, se tornou um assunto ao exibir suas peças de relojoaria.
“Os relógios, como categoria de produto, possuem um apelo intrínseco à medida que o mundo se torna mais avançado e conectado, enquanto os eletrônicos se tornam cada vez mais descartáveis”, afirmou Tian. “Os relógios de luxo e mecânicos representam o oposto disso, incorporando artesanato, arte, engenharia, herança de marca e história. Um relógio durável pode durar mais do que uma vida inteira.”
Historicamente, as marcas de relógios, que muitas vezes alcançam o status de joias, têm evitado uma associação direta com a moda, devido à natureza rápida das tendências. Entretanto, a devoção de colecionadores e admiradores proporciona às marcas tradicionais uma “exposição orgânica”, que também contribui para a inovação de novos produtos, como notou o site Business of Fashion.
Um artigo recente de um jornal britânico destaca que a geração Z e o TikTok têm contribuído para o “ressurgimento” dos relógios analógicos e dos modelos digitais clássicos, como o Casio A168, que até apareceu no filme Mulher Maravilha 1984. “Em um mundo onde a maioria de nós está atenta aos nossos celulares, um relógio analógico traz uma sensação de familiaridade e um estilo atemporal que combina moda e funcionalidade”, comentou uma fonte da plataforma de revenda Depop, que registrou um aumento de 34% na demanda pelo acessório em dezembro de 2024.
O artigo também recorda que o lançamento dos smartwatches da Apple em 2015 gerou preocupação na indústria relojoeira suíça, mas, passados quase dez anos, o cenário para o Apple Watch não apresenta crescimento. Outro ponto interessante é a presença de relógios de luxo nos pulsos de celebridades durante grandes premiações, como Natalie Portman com um Omega, Paul Mescal com um Cartier e Michelle Yeoh usando um Richard Mille.
Para a geração Z, que está iniciando suas coleções de relógios, os modelos acessíveis são os mais atrativos. “Os jovens costumam estar no começo de sua jornada de colecionismo, frequentemente realizando sua primeira ou segunda compra e focando em faixas de preço abaixo de 5 mil libras”, afirmou Eric Macaire, diretor executivo de compras globais da Watches of Switzerland Group, em entrevista ao The Guardian.
Na galeria a seguir, confira alguns dos relógios analógicos mais icônicos da história:
– Modelo Submariner, da Rolex
– Modelo Carrera, da Tag Heuer
– Modelo Seamaster, da Omega
– Modelo Day-Date, da Rolex
– Modelo Oyster, da Rolex
– Relógio Santos-Dumont, da Cartier
– Modelo com o Mickey Mouse, da Ingersoll
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