A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) concedeu o registro definitivo a uma vacina destinada ao combate da chikungunya, desenvolvida pelo Instituto Butantan em parceria com a farmacêutica Valneva. A autorização foi divulgada no Diário Oficial da União e marca a primeira aprovação de um imunizante para essa doença viral no Brasil.
O novo imunizante, que pode ser administrado em indivíduos acima de 18 anos, foi criado em São Paulo com a colaboração da empresa de origem franco-austríaca. A vacina passou por rigorosos estudos clínicos, que mostraram uma resposta imunológica eficiente tanto em pessoas que já tiveram contato com o vírus quanto naquelas sem histórico de infecção.
Nos testes de fase 3, realizados com adolescentes brasileiros, a vacina conseguiu induzir a produção de anticorpos neutralizantes em 100% dos participantes que já haviam sido infectados anteriormente, e em 98,8% dos que não tinham histórico da doença. Os dados foram publicados na revista científica The Lancet Infectious Diseases em setembro de 2024. Após um período de seis meses, a taxa de proteção se manteve em 99,1% dos jovens vacinados.
Conforme informações da Anvisa, os efeitos colaterais mais comuns relatados foram leves ou moderados, englobando dor de cabeça, febre, dores musculares e cansaço. Antes de receber a validação brasileira, o imunizante já havia sido aprovado pela agência reguladora dos Estados Unidos, a Food and Drug Administration (FDA). O pedido de registro foi enviado à Anvisa em dezembro de 2023.
A chikungunya é uma doença viral transmitida pelos mosquitos Aedes aegypti e Aedes albopictus, que também são responsáveis pela propagação da dengue e do zika vírus. Seus sintomas incluem febre alta, dores articulares severas e, em certas situações, erupções cutâneas. A doença pode resultar em sequelas duradouras, como dores crônicas que persistem por anos. Em 2024, aproximadamente 620 mil diagnósticos da infecção foram registrados globalmente, com maior incidência nos países da América do Sul.
O Instituto Butantan está desenvolvendo uma segunda versão da vacina, utilizando insumos produzidos no Brasil, o que pode facilitar sua inclusão no Sistema Único de Saúde (SUS). A decisão sobre a incorporação ao Programa Nacional de Imunizações dependerá da análise da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec).
“Após a aprovação pela Conitec, a vacina poderá ser disponibilizada de forma estratégica. No caso da chikungunya, é provável que o ministério [da Saúde] opte por vacinar primeiro os moradores de áreas endêmicas, onde há maior concentração de casos”, declarou Esper Kallás, diretor do Instituto Butantan, conforme informações do G1.