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Aposentado do INSS relata ter enfrentado três tipos distintos de descontos indevidos

Um aposentado denunciou ter sido alvo de pelo menos três categorias de descontos considerados indevidos em sua aposentadoria em um intervalo inferior a cinco anos. Conforme reportagem do Metrópoles, além de cobranças irregulares impostas por associações e sindicatos, beneficiários do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) têm relatado deduções relacionadas a empréstimos consignados e seguros que não solicitaram.

Esse é o caso de Trajano do Amaral, de 64 anos, que encontrou um desconto de R$ 55,11 entre outubro de 2021 e março de 2022, referente a um seguro de vida que afirma não ter autorizado. A quantia era retirada pela empresa de crédito Sudacred, que, segundo o Metrópoles, enfrenta processos e queixas na Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon) por supostamente induzir aposentados a contratar serviços de forma enganosa.

Recentemente, em dezembro de 2023, a Justiça Federal do Rio Grande do Sul determinou que a Sudacred e a Caixa Econômica Federal pagassem uma indenização de R$ 3.300 ao aposentado, além de restituir o dobro do valor descontado durante o período.

Além dos descontos efetuados pela Sudacred, Trajano também relata estar enfrentando cobranças por mensalidades de associações e um cartão consignado, que não reconhece. Segundo ele, o Sindicato dos Aposentados do Brasil (Sinab) retira mensalmente R$ 45 de sua aposentadoria, enquanto outros R$ 113 são descontados a título de um cartão consignado que nunca foi solicitado.

Em conversa com o Metrópoles, Trajano, que está em tratamento de câncer, expressou que esses descontos estão comprometendo sua renda, que poderia ser utilizada para arcar com medicamentos e exames. “Minha situação financeira está bastante difícil”, lamenta. “Recentemente, precisei arcar com um exame relacionado ao câncer que custou cerca de R$ 6 mil.”

A reportagem do Metrópoles destaca que o Sinab se destacou entre as entidades que mais lucraram com descontos associativos em 2024, recebendo R$ 16 milhões até julho daquele ano. Apesar das evidências de irregularidades, a entidade não foi incluída no processo movido pela Advocacia-Geral da União (AGU), que visa bloquear os recursos das associações sob investigação para garantir o reembolso.

Reclamações registradas no portal Consumidor.gov.br, que é administrado pelo Ministério da Justiça, revelam que a rede de fraudes contra aposentados e pensionistas do INSS se estende além das deduções irregulares feitas por associações e sindicatos. Os relatos coletados pelo Metrópoles mostram que muitos beneficiários também enfrentaram cobranças por seguros que não contrataram.

Além disso, instituições financeiras acumulam processos relacionados a descontos referentes a empréstimos consignados que não foram solicitados, semelhante ao escândalo envolvendo mensalidades associativas. Nos últimos cinco anos, o INSS autorizou 91 bancos a venderem crédito com débito direto na folha de pagamento para aposentados e pensionistas. Em diversos casos, os segurados se depararam com descontos tanto de consignados quanto de mensalidades, sem ter feito qualquer contratação.

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