JMV News

‘A passagem é parte da jornada dele’, afirma Marina Lima sobre Antonio Cicero

Marina Lima, aos 69 anos, compartilhou suas reflexões sobre a recente perda de seu irmão, Antonio Cicero, que faleceu aos 79 anos.

Em uma entrevista ao programa “Conversa com Bial”, a cantora abordou a escolha do escritor de optar por um suicídio assistido. “A sua morte é uma extensão de sua obra. Isso é extraordinário, e sinto um enorme orgulho disso. Cicero nunca abandonou suas crenças, nunca se traiu”, declarou Marina.

Ela também comentou sobre como a morte de seu irmão reacendeu o debate sobre a legalização da morte assistida no Brasil, uma prática que ainda é ilícita no país. “Isso leva todos a refletirem novamente… sobre eutanásia, sobre a necessidade de permissão. Por que precisamos viajar para o exterior para isso? Assim como em várias outras questões, isso deveria ser permitido aqui também”, ponderou.

Marina explicou que Cicero foi reservado em relação à sua decisão. “Ele não discutiu isso com ninguém, provavelmente por medo de que alguém tentasse intervir. Eu jamais faria isso, pois o conheço desde que nasci. Sei como ele era racional e determinado em suas escolhas. Ele apenas conversou com Marcelo, seu companheiro de mais de quatro décadas”, revelou.

O poeta acompanhou os shows da irmã pouco antes de sua morte, recebendo homenagens dela durante as apresentações. “Ele estava tão contente, e em cada espetáculo eu o homenageava. Eu falava dele, e ele era muito aplaudido. Não percebi que ele tomaria essa decisão”, contou.

Marina recordou a última conversa que teve com Antonio, quando ele a informou sobre sua escolha. “Ele disse: ‘Estou na Suíça’. Assim que ele falou, eu já compreendi. Afinal, Cicero sempre foi ateu, nunca acreditou em nada. Mas viveu intensamente até o último instante”, relembrou.

Ele era apaixonado pela vida, um verdadeiro aventureiro, poeta e filósofo, que amava seu ofício e possuía uma inteligência notável.

A cantora também refletiu sobre como o diagnóstico de Alzheimer afetou profundamente seu irmão. “Quando ele recebeu a notícia do diagnóstico, ficou muito abalado. Nossa família sempre foi repleta de alegria. Sempre tivemos momentos de risadas e brincadeiras. Comecei a notar que Cicero estava triste com essa situação”, destacou.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima