JMV News

A internet realmente parou para destacar uma disputa juvenil?

Você se recorda dos seus relacionamentos na adolescência, aos 17 anos? Certamente havia desavenças relacionadas a ex-namorados ou algum flerte inventado. Nessa fase da vida, o que mais temos é tempo livre para nos preocuparmos com pequenas questões. E para piorar, na nossa época, não existiam nem WhatsApp nem Instagram. Contudo, no relacionamento do filho de Angélica e Luciano Huck, tudo isso está presente.

Hoje em dia, as fofocas, mesmo que triviais, se espalham rapidamente, especialmente quando os grupos de amigos se fragmentam em subgrupos que comentam sobre os que permanecem no grupo principal. Quem nunca fez parte desse ritual que atire o primeiro iPhone. Se as fofocas de WhatsApp já são irresistíveis para adultos ocupados com suas obrigações diárias, imagina na cabeça dos jovens, que estão cheios de tempo livre.

Agora, imagine dar a milhões de seguidores sedentos por novidades o poder de opinar sobre cada uma dessas meninas — referindo-me ao círculo de amigas da namorada do filho de Angélica. Cada comentário genuíno sobre as últimas tendências de maquiagem recebe milhares de curtidas, fazendo com que elas acreditem que suas opiniões, ações e palavras têm real importância. Um aviso do futuro: não têm, e a vida adulta tende a apagar essas preocupações da mente das pessoas (ou ao menos deveria).

A namorada de Angélica se incomodou com uma amiga que decidiu seguir seu namorado em uma conta privada — algo que confesso que aprendi de maneira inesperada, há cerca de 8 anos, quando perguntei ao meu enteado por que ele tinha duas contas e ele me explicou que eu nunca poderia seguir a conta secreta. Entendi, então, que a conta “Dix” é sagrada, e adultos não têm lugar ali.

A amiga, ao se sentir próxima, tentou seguir o namorado de Huck, mas foi excluída do grupo. Isso pegou muito mal. Como assim, você quer seguir meu namorado, se vocês nem são próximos? Ok, anotado: não se deve seguir o namorado da amiga nem o enteado. Tudo bem, vou lembrar disso.

É claro que ninguém se contenta com uma briga tão fútil e todos querem mais. A mãe de uma delas se intromete e critica a garota. A mãe da jovem defende sua filha, afirmando que são apenas adolescentes (ufa). E assim, todas as mães se juntam para discutir um conflito que, na verdade, diz respeito a jovens de 17 anos. Na internet, que agora abriga quem tem milhões de seguidores. E, embora seja algo significativo para elas, não é apropriado para os adultos transformarem isso em um conflito pessoal…

Fiquei pensando em como seria se minha mãe gravasse um vídeo porque não contei a uma amiga, durante a formatura do ensino médio em Porto Seguro, que o garoto que ela gostava estava com outra. Ela ficou muito chateada, mas resolvemos tudo em apenas 10 minutos.

Meu pai poderia fazer uma transmissão ao vivo para afirmar que o garoto que me acompanhava durante os intervalos não tinha o direito de levar uma menina do 2º ano ao laboratório de química após a aula. Eu chorei por 15 minutos, mas logo passou.

A mãe de uma amiga poderia também ter enviado um áudio a todos pedindo que eu devolvesse a jaqueta da Pakalolo que emprestei da filha dela, me acusando de ser oportunista. Que pesadelo seria viver em um cenário assim.

Angélica, a verdadeira famosa da história, com uma carreira sólida construída com muito mais esforço do que likes, tentou pôr fim à situação. Não deu certo: sua equipe acidentalmente curtiu um comentário que difamava a norinha. A apresentadora se explicou e fez a única declaração sensata durante toda essa confusão. Ela, que “desde a infância, convive com o olhar constante dos outros — por vezes curioso, outras vezes cruel demais”, disse:

Crescer hoje, sob o olhar crítico das redes sociais, é muito mais complicado. A pressão por aprovação instantânea, os ataques anônimos, a necessidade de estar sempre correto… Por isso, além de esclarecer, quis renovar o apelo para que reflitamos juntos sobre os ambientes que estamos criando online.

Mais importante do que atacar na internet adolescentes cometendo erros (é a vez deles de serem imaturos, mães, não a nossa), é proteger nossos filhos da própria internet. Transmitir os valores do mundo offline para que essa loucura virtual não contamine nossas mentes.

Angélica já tinha essa sabedoria. Que sorte a de Benício. Que as mães consigam manter a calma e cuidar dos filhos no aconchego de casa. A dignidade pode não gerar engajamento, mas certamente trará melhores resultados no futuro.

Sinta-se à vontade para discordar de mim no Instagram.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima