O Ministério Público de São Paulo (MPSP) deu início a uma investigação preliminar sobre possíveis ameaças enfrentadas por Miguel Oliveira, um jovem de 15 anos que se apresenta como pastor e profeta. A apuração foi motivada pela denúncia feita pelos pais do adolescente à Polícia Civil. As informações foram divulgadas pelo colunista Paulo Cappelli, do portal Metrópoles.
De maneira independente, o Ministério Público começou a coletar dados sobre o caso e já enviou ofícios buscando informações que possam elucidar a situação do jovem, que é rotulado por alguns como um falso profeta. Amigos e conhecidos de Miguel relatam que ele tem sido alvo de ofensas e ameaças, especialmente em função de sua participação em cultos religiosos. Nas redes sociais, críticos o denominam de “anticristo” e o acusam de ludibriar fiéis com alegações de milagres e revelações.
A equipe de apoio a Miguel descreveu as intimidações como “inaceitáveis” e enfatizou que a família optou por reduzir a exposição pública. “Ele é menor de idade e os pais decidiram não mais se pronunciar para a mídia, já que as ameaças têm sido extremas. Insultos e situações absurdas. Eles já foram à delegacia, mas nada foi feito. Por isso, acharam que era melhor não se manifestar mais”, afirmou um membro da assessoria.
De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), cabe ao Ministério Público investigar ameaças a menores, independentemente da origem, seja da própria família, do Estado ou de terceiros. Nesses casos, a Promotoria da Infância e da Juventude acompanha as denúncias com rigor.
Miguel Oliveira, que possui cerca de 1,3 milhão de seguidores em seu perfil no Instagram, viu sua notoriedade crescer, mas também enfrentou uma onda de críticas e ataques virtuais. Um dos episódios mais polêmicos ocorreu quando, durante um culto, ele afirmou ter curado uma mulher diagnosticada com câncer. Sua forma de solicitar doações financeiras também gerou questionamentos, inclusive entre líderes do segmento evangélico.
Natural de Carapicuíba, interior de São Paulo, o jovem realiza suas atividades religiosas na Assembleia de Deus Avivamento Profético. Ele alega ter iniciado sua “missão” aos 3 anos, após afirmar ter sido curado milagrosamente da surdez e da mudez. Desde então, tem participado de eventos religiosos em várias partes do país e concedido entrevistas a diferentes plataformas de comunicação, incluindo podcasts, rádios e canais de televisão.
Entretanto, as alegações sobre sua infância levantam dúvidas entre os críticos. “Ele ganhou notoriedade online dizendo que nasceu sem tímpanos e cordas vocais. Quando questionado sobre laudos médicos, afirmou que os perdeu durante uma mudança. Para um jovem de hoje, seria fácil pedir a segunda via no hospital ou consultar seu pediatra”, comentou um internauta.
Em um vídeo de uma de suas pregações, Miguel fez uma declaração audaciosa ao mencionar a cura de uma mulher com leucemia. “Eu rasgo o câncer, eu filtro o seu sangue e eu curo a leucemia”, disse, enquanto destruía folhas de papel diante da mulher emocionada. Essa atitude gerou reações de indignação nas redes sociais. “Ele pede para ver um exame de leucemia e rasga. Alega que está curando. Isso é crime. É alarmante. E há quem acredite nisso, abandonando o tratamento e morrendo”, escreveu um usuário.
A equipe do jovem pregador esclareceu que os papéis rasgados não eram documentos médicos. “Ele nunca rasgou laudos. Ele apenas escreveu em três folhas os problemas de saúde que a fiel poderia ter, afirmando que Deus estava curando. Ele escreveu os nomes das doenças e rasgou”, justificou a assessoria.
As solicitações de doações durante os cultos também geraram controvérsia. Em uma das cerimônias, Miguel convocou fiéis com a declaração: “Quero agora quatro pessoas aqui no altar para doar R$ 1 mil. A velocidade com que você vem é a velocidade com que o milagre [na sua vida] será realizado”. Contudo, sua assessoria esclareceu que os valores arrecadados não vão para Miguel. “Todo o montante é destinado à igreja que o convida. Ele contribui com a igreja e o pastor dessa forma. Ele não recebe nenhum pix diretamente. O dinheiro vai para a igreja, para apoiar a obra religiosa”, garantiu a equipe.
À medida que sua visibilidade aumenta, as críticas nas redes sociais têm se tornado ameaças diretas. “Ele precisa de um susto, mas há alguém por trás dele. Todos precisam entender uma lição, inclusive aqueles que o apoiam e o seguem”, escreveu um usuário. Outro comentário, ainda mais agressivo, dizia: “Esse garoto se comporta mais como um capeta em forma de gente. E ainda há quem acredite nele. Alguém precisa parar esse garoto rapidamente”.